2.7.10

Adeus a saramago

Esse mês a humanidade teve mais uma grande perda , a morte de Saramago. É trágico e cômico  como a cada dia perdemos mais nomes no pensamento humano,  sem nenhum tipo de reposição. Poucos sobraram e sinceramente temo que não apareçam novos pensadores, pois para conseguir captar a alma humana dessa forma é necessário uma sensibilidade digna de um grande pensador...Saramago teve a coragem de dar em suas obras uma posição de destaque as mulheres, mas algo quase imperceptível. Mulheres fortes, mulheres com decisão mulheres reais. Ele conseguiu captar a essência da verdadeira mulher como poucos escritores, e a consequência de sua sutil e simples observação da humanidade, trouxe em seus livros sempre a figura feminina como um ser racional e capaz de resolução de problemas. O mais interessante, é que não se tratava de uma visão supervalorizada da mulher mas sim, de uma visão realista que um mundo machista sempre tentou  neutralizar. A mulher do século XX não é uma nova mulher, ao contrário é a mesma mulher de séculos e séculos atrás, mas sem as barreiras ou melhor o sufocamento que o medo masculino tem dessa verdadeira mulher, com espírito forte e decisivo, onde ela é massacrada psicologicamente desde a sua infância fazendo abafar essa força, que   aos poucos, ela acaba por se tornar uma sombra masculina. 
 No momento que perdemos Saramago, vemos os jovens do século XXI idealizando um tipo de pensamento na literatura onde a mulher fica abaixo de dois mocinhos, ela depende deles. É nessas horas que percebemos o quanto esta perda é importante, pois nem todos temos a capacidade de captar a humanidade como este escritor e infelizmente acabamos por não perceber o retrocesso que nossa sociedade está vivendo...Onde estão as mulheres corajosas, independentes, com garra...Onde estão os grandes escritores com a capacidade de desvendar os mistérios humanos que se apresentam no dia a dia ...Eu não sei, mas me preocupa quando não existe a renovação no pensamento humano, quando uma perda dessa magnitude não é apenas no sentido histórico mas no sentido do caminhar da própria humanidade. Pois cada dia, o ser humano perde a sua maravilhosa capacidade de olhar para os lados e desvendar o maior mistério de todos que é a sua essência . Estamos gradativamente descendo as escadas do conhecimento e entrando na caverna, com um diferencial , estamos nos acorrentando por vontade própria. 

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