26.12.09

"não somos ... pra precisar de complemento"


Últimamente tenho me deparado com mudanças bruscas no meu modo de ver a vida, no modo como lido com as pessoas e como vejo a dinâmica dos relacionamentos.

Crescemos com a idéia do príncipe encantado, da "alma gêmea", do "...e viveram felizes para sempre". Todos esses conceitos tem implícitos nele o mito de nós mulheres necessitarmos encontrar alguém para que sejamos completas.

Talvez esse conceito funcionasse no tempo em que não tínhamos outras preocupações que não a casa e família. No tempo em que a maior ambição feminina era encontrar um "bom partido" e ter a sorte de dar a ele pelo menos um filho homem (e de preferência que fosse o primeiro).

Hoje, nós mulheres assumimos o controle das nossas vidas, adquirimos independência financeira, estamos conquistando os maiores postos nas empresas. Mas muitas dessas mulheres não são independentes emocionalmente e continuam com uma lacuna enorme nessa questão da vida.

Há muito eu já tinha ouvido e entendido que antes de nos aventurarmos numa relação, para essa relação ser saudável, precisávamos primeiro estarmos bem conosco mesmas. Eu briguei comigo durante muito tempo para entender isso. Para aproveitar os meus momentos sozinha, não sentir aquele bichinho que ataca a gente quando está em casa sozinha, aquela necessidade de estar acompanhada sempre. Sentir que eu me basto. Quando você está sozinha e bem, você sente uma paz inenarrável. E eu realmente acredito que se bastar é a chave para um relacionamento saudável.

Quando você se basta, as inseguranças diminuem, quando não sessam por completo. O ciúme, que tem raíz na insegurança, também diminui consideravelmente. Voce deixa de transferir a responsabilidade da sua felicidade para o outro e assim tira um peso gigante do relacionamento.

Nós mulheres mudamos, nossos papéis na sociedade mudaram e a espectativa masculina em relação a nós também mudou. Uma mulher que se anula se torna desinteressante e faz com que o homem perca a admiração por ela.

Claro que existem muitos (muitos mesmos) homens que não tem estrutura psicológica para assumir uma mulher independente financeira e emocionalmente. Muitos se sentem ameaçados e partem em busca de outra que não o desafiem, deixando-os em uma situação confortável, normalmente com a família em casa e uma ou duas mulheres fora. E por esses homens serem a maioria, muitas se desiludem. Mas eu acredito que se nós não cobrarmos uma mudança no comportamento típico masculino que é o da acomodação, eles não vão mudar.

Existem alguns que já estão apresentando essa mudança de comportamento. E, como eu sou uma otimista incorrigível, acredito que isso mostra que há luz no fim do túnel. Diferente disso, eu não quero. Talvez até mais do que isso: eu não consigo. Faz parte de quem eu sou ter a personalidade forte, o gênio meio indomável. Talvez todas as grandes mulheres tenham esse traço da quase impossibilidade da domesticação.

TAIANA FURRIEL ( conselho editorial)

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