24.11.09

Liberdade

Os existencialistas que seguem a linha Sartriana( existencialistas ateus)  possuem uma máxima filosófica onde a base dela é que a " existência precede a essência". Pode parecer uma frase simples mas não é. Quando se afirma tal coisa está se afirmando a não existência de essências, de coisas previamente definidas. O conhecido destino! Para os existencialistas nós somos responsáveis pelos caminhos que a vida toma, por nossas escolhas. Temos total liberdade para fazer o que quiser sem que esta liberdade tire a liberdade do outro. Nossa liberdade também tem uma conotação de responsabilidade, pois quem exerce a liberdade de fato jamais tiraria a liberdade do outro. Ou seja, exatamente tudo que um relacionamento amoroso da pós modernidade não tem. Primeiro, se para os existencialistas somos capazes de criar nosso próprio caminho, nosso próprio projeto de vida. Não existe a possibilidade de almas gêmeas, destino, carma, má sorte. Você, só você pode definir os caminhos que a sua vida vai tomar.
Podemos traçar várias relações sobre este pensamento filosófico e um relacionamento amoroso, mas, o que realmente me leva a pensar nos existencialistas e da profundidade de suas idéias ( sim sou existencialista rs) é na questão da liberdade.
Vivemos em um mundo onde não existe liberdade, não existe liberdade nas escolhas. Parece que temos liberdade, uma falsa impressão que podemos escolher o que queremos da vida, mas tal escolha já é limitada. A dificuldade de exercer a liberdade é camuflada quase a nossa vida inteira. Sempre diremos que escolhemos aquele emprego que nos faz trabalhar 12 horas por dia pq amamos aquele lugar( apesar de todo dia não querer ir) ou vamos dizer que somos a terceira geração de advogados da família por que está no sangue ( mas você adora cozinhar). Mas,  se tem um momento que não conseguimos disfarçar a ausência da liberdade está nos relacionamentos. Os relacionamentos já fogem do processo de liberdade quando não escolhemos a pessoa que está fora do esteriótipo permitido para namorar ou ficar. Afinal de contas quem é que decide os conceitos de belo numa sociedade capitalista? sou eu ou uma indústria ? A segunda questão está no fato de que confundimos constantemente relacionamentos com dominação .
Quem nunca se assustou quando alguém fala " o meu homem" a " minha mulher"? você passa a ser derrepente uma propriedade! Muitas vezes agente não sabe se a pessoa efetivamente gosta ou se está junto apenas para "ter". Mas o cumulo da falta de liberdade está no processo do relacionamento em si. Comecem a observar. Quantos amigos e amigas abriram mão de seus sonhos para satisfazer os outros, ou deixaram de frequentar, comer, falar com pessoas que adoravam pq encomoda o outro. Onde está a liberdade? Muitos vão dizer neste momento, " para se relacionar é preciso fazer concessão" mas quem foi que disse isso. Será que para estar com alguém você precisa perder seu senso de liberdade? Perder seu ir e vir e abdicar dos seus projetos pessoais? Deixar de ser a pessoa por quem a outra se apaixonou?
Os relacionamentos amorosos reproduzem exatamente o que é a nossa sociedade de consumo e dominação.
consumimos pessoas e precisamos domina-las. não existe a liberdade de verdade. Mas isso não é uma verdade absoluta! é necessário rever a nossa relação com o outro.  E mais importante, será que efetivamente   precisamos do outro? Será que não é no estar só muitas vezes que descobrimos quem somos e descobrimos a nossa liberdade? Será que possuímos realmente a liberdade de sentir?   As vezes,  é bom pensar...

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