10.11.09

nós também somos cultura rs


500 dias com ela”, ou também: Nossa vida amorosa diante dos nossos olhos.

(Com spoilers!)

No (infernal) domingo a tarde resolvi “alugar um ar-condicionado” (é uma expressão criada pra dizer: “está muito quente e vou aproveitar pra passar um tempo dentro do cinema”) e acabei assistindo ao filme “500 dias com ela”... Queria muito assistir a esse filme, já tinha lido resenhas positivas sobre ele, e sempre achei o Joseph Gordon-Levitt(“3rd rock from the sun”) uma gracinha tb. Entretanto, faço um aviso especial pra quem se interessou pro esse filme e que está considerando assistir só porque é um romance: ele é tenso, prepare-se... Pra começar, recebemos o seguinte aviso no início (estava em inglês, sem legenda, mas aqui dou de presente a tradução): "O filme a seguir é uma história de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente você Jenny Beckman. Vaca" (mais ressentido, impossível). O filme tem uma dinâmica meio Lost de contar a história: tudo fora de ordem cronológica, mas pode ficar tranquilo, porque rola a contagem dos tais 500 dias.

Gordon-Levitt é Tom, um arquiteto que acabou encontrando emprego numa empresa de cartões comemorativos. Existe, pelo menos no filme, uma equipe pra pensar as frases que achamos tão legais, e Tom é uma dessas figuras. Leva uma vidinha muito mais ou menos até conhecer a nova colega de trabalho, assessora de seu chefe, Summer (daí o trocadilho do título). Fica perdidamente apaixonado por ela. Faz doce pra mostrar seus sentimentos, enquanto percebe que a moça curte praticamente tudo o que ele curte também. Com a exceção de UMA coisa: nada de compromisso sério. Motivo: basicamente evitar decepções - "Todo mundo se separa...", ela diz (aaaaaahhhh... acho que essa parte você já ouviu antes, não é?). Ele não se importa, ele tá amaaaaaandoooooo... Até que chega o dia que rola o esperado beijo entre eles, e o envolvimento é inevitável.

Se identificou com Tom, né? Eu também...

É aí que entra a tensão maior. Durante o filme você consegue ver com clareza as mais diversas situações que você já passou (ou está passando) na sua vida: seja quando você finalmente consegue transar com a pessoa desejada e fica tão feliz, tão feliz a ponto de (querer) sair dançando e cantando na rua, vendo passarinho e tudo; quando você tem tem noites e momentos muito fofos com o amado, quando a sintonia parece estar perfeita... Tem o momento do ciúme e de sua exteriorização. Tem o momento do questionamento do “tipo da relação”... Sim, tem tudo isso. E você espera que pelo menos o Tom tenha um final feliz, coisa que você não teve. Mas isso não acontece: ela começa a perder o interesse, começa a não aparecer, a não ligar, a não mandar e-mails... Ela inclusive deixa de trabalhar no mesmo lugar que o dele, largando o moço desolado... Até desaparecer. E o moço sooooooooofre...

Ao assistir ao filme, fui sentindo um embrulho na barriga, um desconforto... Só quem passou por aqueles momentos (acredite, piora muito pro lado do Tom, e eu consegui encontrar mais situações semelhantes!) sabe exatamente o que o coitado está sentindo. Rola um flashback paralelo na minha cabeça, que se transforma em vontade de chorar... Mesmo tendo um final leve, o meu desconforto continua. E aí você olha pro lado e pensa: “será que estou fazendo novamente?” Saí do cinema me sentindo muito mal, de verdade. Só quem passou pelo o que Tom passou sabe do que estou falando: a paixão, a expectativa, e a decepção que só um peguete especial pode causar. Por outro lado, é sempre interessante assistir em 3ª pessoa uma história parecida com a sua. Dizem que ajuda analisar, e evitar novos erros. Se você assistir esse filme com esse pensamento, beleza. Mas não recomendo aos esperançosos de plantão. O filme não tem pena do coitado do Tom, assim como a vida não tem pena da gente. Contudo, o filme é bom. Provavelmente posso usar pra me traumatizar o suficiente e evitar que situações semelhantes aconteçam (de novo). Por falar nisso, se esse filme estivesse passando há alguns anos atrás, eu adoraria (e aceitaria) o conselho! Ótimo para amigas que não se tocam de que o cara não quer nada com ela!! Será que dessa vez elas aprendem??

500 Dias com Ela
(500) Days of Summer
 (EUA
2009 - 95 min)

Romance
Direção: Marc Webb
Roteiro: Scott Neustadter, Michael H. Weber
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel, Geoffrey Arend, Matthew Gray Gubler

DEBORA ROCHA ( CONSELHO EDITORIAL)

Nenhum comentário:

Postar um comentário